terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Sobre folhas e 2012.

...You say, one love, one life
It's onde you need in the night...

Uma vida inteira, e mesmo assim falta tempo pra fazer tudo aquilo que queremos fazer (ou, pelo menos, dizemos querer). Não é meio decepcionante parar pra pensar sobre o tempo que desperdiçamos fazendo nada? Um universo pra ser descoberto, e eu aqui, deitada.
Quando chega dezembro, todo mundo já tá meio cansado da vida que está levando, das coisas que estão acontecendo, e as metas para o ano que vem surgem como uma enchurrada. Esse tique do relógio que faz o 31/12 - 23h59min59seg se transformar em 01/01 - 00h00min01seg traz consigo uma onda que leva todas as nossas decepções, tristezas e angústias embora, deixando um espírito de renovação, uma esperança de que tudo pode ser diferente, de que essa nova página está totalmente branca, pronta pra que eu escreva, pinte e até apague, afinal, sempre é possível descobrir algo que não valeu a pena ocupar espaço na nova folha.
Assim como na nova página do livro da vida, uma folha em branco para escrever tudo que deseja concretizar no novo ano é essencial. Aprendi que tudo que escrevo levo mais a sério, parece que as palavras estão lá, gravadas, para me lembrar e cobrar que cumpra o que prometi.
Espero que em 2012, vocês saibam utilizar com muita coerência a página de vocês; escolham bem o momento de usar caneta, de usar o lápis para evitar os possíveis aborrecimentos que as marcas podem deixar, mas, principalmente: preencham. Preencham a folha com tudo que os faz feliz, os faz querer viver e torna a vida de vocês completa.
Um maravilhoso 2012!

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Sobre céu e vontades.

Semana passada tive, mais uma vez, aquelas vontades que vem do além, e parece que tu não sossega até fazer o que quer. Pois bem, do nada, eu senti vontade de deitar na grama, de madrugada, pra ficar olhando para as estrelas. Quem nunca sentiu necessidade de natureza? Poucas coisas são tão legais do que momentos a sós com ela. Ver o sol nascer, o sol ir embora, a lua aparecer super redonda no céu (melhor ainda quando se enxerga o tal coelho dos apaixonados) acompanhada pelas estrelinhas. Dá uma sensação de renovação de espírito, a alma fica leve.
Ultimamente ando sentimental demais, e esses momentos que fazem tu parar pra refletir e fica meio perplexo com a sorte que tu tem e, o número de vezes que não dá valor pra isso faz com que meus olhos se encham de lágrimas. Parece que nada pode ser pior do que nossos problemas (que geralmente conseguem ser infnitamente medíocres).
Aquela frase que diz que o sol dá um dos espetáculos mais lindos da Terra ao nascer e encontra a maior parte da plateia dormindo é verdade. Talvez devêssemos parar de esperar por uma plateia de milhões, o holofote no nosso rosto, o mundo em silêncio esperando pela nossa participação. Acordar todas as manhãs crente de que o dia será um espetáculo e que tu vai fazer o papel principal pode ser uma boa maneira de evitar aborrecimentos, reclamações infundadas.
A partir de hoje vou tentar, cada vez que uma reclamação vier à tona, lembrar da lua e do céu estrelado.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Sobre horizontes e revolução.

Tudo isso já faz parte da rotina, e a rotina já faz parte de você.

Os dias eram todos iguais: a mesma música como despertador, os mesmos passos, a comida com o mesmo gosto, as mesmas ruas, os mesmos rostos. No início é divertido, mas depois de um tempo, acaba enjoando. E quando cansa, o que fazer? Tem gente que não muda, que permanece estagnado, por puro conforto. Não sou desse tipo, prefiro um momento na vida meio economia-da-Rússia-durante-a-revolução: um passo para trás e dois para frente.
 Quando cansa dá vontade de revolucionar: cortar o cabelo, mudar o trajeto, mudar as pessoas, mudar o restaurante, até o toque do despertador dá vontade de mudar.
Certamente, nas primeiras vezes o novo trajeto vai ser estranho, pode parecer pior; depois de algumas vezes que tu percorres, acabas te dando conta que foi uma ótima escolha, ainda que necessário cuidar onde andava e  as ruas que escolhia. Pode ser que nesse novo trajeto te olhem estranho graças ao novo corte de cabelo, ou que a comida pareça sem sal no restaurante que tu decidiu parar. No início, tudo são desafios, mas mais do que desafios, tudo é uma questão de ampliar os horizontes (novos horizontes, se não for isso, o que será?), ter sede de novo, não permitir que a rotina acomode e que nos conformemos com o "meio-termo".

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Sobre ser médico e a minha visão.

Hoje é dia do que eu quero que seja o meu dia pelo resto dos dias.
Quero acordar todas as manhãs (ou madrugadas, frequentemente) e pensar: feliz dia do médico.
Cada dia que passa aumenta a minha certeza sobre o que eu gosto, quero, me faz feliz e me emociona. Escolher como profissão algo que traga toda essa gama de sentimentos é essencial pra satisfação pessoal. Pode ser que eu ainda viva a parte utópica da história, mas não, não assisto nem me baseio em House ou Grey's Anatomy.
As dificuldades para quem deseja essa profissão iniciam antes mesmo de entrar na faculdade, que é o meu estágio. Sinto que o pré-vestibular é uma espécie de seletor que testa a tua resistência e a vontade que tu realmente tens de seguir a profissão porque, sinceramente, se tu não quiseres MUITO, vais acabar desistindo. A rotina que vai te acompanhar por toda a vida também deve ser um teste, afinal, teus dias terão horários bem divertidos. Às vezes tu vai ficar triste, vai dar notícias ruins, vai receber notícias ruins e vai lidar com a morte e a tristeza das pessoas.
Apesar disso, porque eu ainda quero ser médica?
Porque se às vezes vou lidar com tristeza, outras tantas vou lidar com a alegria, com notícias animadoras e, o principal: vou lidar com a vida.
Creio que ser médico é capaz de te fazer enxergar diariamente o valor que a vida tem, e o número de pessoas que descobrem isso quando é quase tarde. Tratar a dor e a tristeza para devolver a esperança e a felicidade é algo que me fascina e é a motivação que tenho para seguir rumo ao meu objetivo.

Feliz dia do médico para todos que já são ou estão em vias de se tornar!

sábado, 15 de outubro de 2011

Sobre emoções e sorrisos.

"Deve haver alguma coisa que ainda te emocione."
E aí, quando tu ouves essa frase, o que pensa? Tu sabes o que te emociona, quem te emociona?
Normalmente as coisas simples fogem da nossa visão, vivemos esperando por momentos gloriosos, por fatos extraordinários, sem perceber que, a extraordinariedade está muito mais nos olhos de quem vê, do que naquilo que acontece. Discorda? Não sei vocês, mas quando eu chego em casa e meu cachorro pula em mim e fica pedindo carinho, me emociono. Quando eu vejo que tenho uma família linda e cultivo grandes amizades, me emociono. Me emociono ouvindo músicas, só pensar em algumas coisas, já me emociona. Só não vale deixar de se emocionar com beijos, abraços, sorrisos, sentimentos e pessoas, afinal, nesse contexto elas também são coisas.
Tu não precisas responder para os outros, precisa somente saber a resposta. Quando ouvir de novo a frase "deve haver alguma coisa que ainda te emocione", espero que diversas coisas, fatos e pessoas te venham a mente. Viver sem algo que te anime, te dê alegria e prazer passa muito longe da minha definição do verbo viver.


quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Sobre viagens e leitura.

Para nós, ocidentais, aceitarmos que, no outro lado do planeta, pessoas comem insetos fritos como aperitivo enquanto assistem a um jogo de futebol é, no mínimo, estranho. Fato é que, se tivéssemos nascido lá, talvez feijoada parecesse coisa de outro planeta. A cultura exerce grande influência sobre os hábitos de cada um, e é indiscutível que o meio em que somos criados é responsável por moldar boa parte de nossa personalidade.
Na última avaliação do PISA, prova de âmbito internacional que tem por objetivo avaliar a qualidade da educação dos países, o Brasil aparece numa das últimas colocações, fato que preocupa. Ao procurar motivos que justifiquem essa posição, um se destaca: o brasileiro não tem o hábito de ler. Enquanto em países desenvolvidos, como França ou Noruega, a média de livros lidos durante um ano por pessoa chega a quase vinte, no Brasil não alcançamos dois. De que maneira esperamos que crianças despertem o interesse pela leitura se, muitas vezes, não recebem o incentivo merecido?
Para Mário Quintana, o pior analfabeto é aquele que sabe ler, mas não o faz. Não se trata de distribuir livros para a sociedade; trata-se de ensiná-la a ler, alfabetizar o pensamento, a forma de ver a leitura e a importância que cada brasileiro dá a ela.
Quanto visitamos algum lugar diferente, sempre somos convidados a aprender sobre a cultura do local e a abrir nossa mente para novas ideias e novos costumes. Na leitura, é exatamente isso que falta: precisamos viajar nas histórias de outros livros, encantarmo-nos com fábulas, chorar com dramas e sentir medo nos suspenses. Quem sabe, a partir desse intercâmbio pessoal, não permitimos também que o Brasil viaje do fim da lista do PISA às primeiras colocações?

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Sobre caminhos e nostalgia.

Queria ter a inocência da minha infância de volta. Quantas vezes me pego pensando na época que, todo o sábado, ia com meu pai ao supermercado, só pra no final comprar chocolate e um gibi novo.  Coisas tão simples que fazem tanta falta. Deixamos pelo caminho da vida atividades, costumes e pessoas tão legais por não cultivar o que, de fato, é especial.
De vez em quando é bom sentar, fechar os olhos, respirar bem fundo e lembrar de tudo aquilo que um dia nos fez feliz. São os momentos que nos pegamos rindo sozinhos, suspirando ou, quem sabe, até chorando; chora-se de alegria também. 
Se o teu caminho é longo, e tu já deixaste muita coisa que gostava pra trás, só resta planejar os próximos passos de maneira mais meticulosa. Tu não és João e Maria, não tens migalhas que apontam a direção a seguir para voltar onde já esteve. Muita coisa se perde e fica na memória, na caixinha com o título de nostalgia. Cabe somente a ti fazer com que, a partir de agora, as coisas fiquem guardadas na caixinha do tempo presente, presente eterno.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Sobre dar valor e pessoas.

Abraça enquanto há tempo. É sério, não seja idiota, não sinta vergonha nem pense que as pessoas estarão esperando toda a vida pelo dia que você acordar sensível o suficiente para dizer: "você me faz feliz", ou "eu te amo". Quando a vida nos dá um sacode, percebemos que todos que parecem "irretiráveis" da nossa rotina podem, de repente, tornar-se frágeis.
Sim, é óbvio que você ama a sua família; 99,99% das pessoas amam suas famílias. E dói falar? Fato é que é muito bom ouvir. Deixamos as oportunidades passarem, vivemos achando que tudo que nos cerca é intocável, que conosco nada pode acontecer. Você não é super-herói; seus pais não são eternos; seus avós não estarão todos os domingos da sua vida lhe esperando para uma visita e seus amigos cansam de ligar se você nunca lhes dá atenção.
Aproveite enquanto pode: diga para todos o quão especiais são pra você, e como a vida seria difícil se eles não estivessem dispostos a te ajudar e te apoiar. Não espere que algo de ruim aconteça pra que você finalmente consiga entender a importância que as pessoas têm na sua vida.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Sobre burcas e arte.

Religião iniciada por Maomé, durante o século VI, o islamismo é conhecido por suas leis e cultura muito diferentes das do mundo ocidental. Apesar de ter permitido a perpetuação do legado greco-romano durante a Idade Média, hoje tem seu tratamento com as mulheres visto como desrespeitoso e sórdido por boa parte da população mundial. Impedidas de mostrar seus rostos e corpos, de trabalhar, de ter voz ativa, as mulheres vivem sob as burcas que, mais do que corpos, cobrem sentimentos, vontades e dons.
Durante a Idade Média, não tínhamos tecnologia; no entanto, a produção artística desse período foi praticamente nula. Hoje, o que existem são pretextos para justificar a comodidade do ser humano. Crer que a tecnologia que dispomos nos dispersa do meio artístico é um argumento artificial; fatores como uma religião que proíbe a mulher de "viver", sob pena de morte, são muito mais consistentes do que a "preguiça enrustida". O islamismo é a prova de que até mesmo a arte é capaz de se destruir, sob diferentes aspectos.
Os adventos provenientes da 3º Revolução Industrial vieram para ampliar o conceito de arte que existia até então. Podemos ver apresentações de desenhos animados, de propagandas e vários outros setores que tiveram a chance de progredir com a computação gráfica, como é o caso do design. O problema é que, ao invés de utilizarmos tecnologias como a internet somente ao nosso favor, acabamos deixando que ela tome o lugar de atividades que propiciam a evolução mental, como escrever, ler um bom livro ou pintar um quadro.
Para Leonardo da Vinci, a arte diz o indizível, exprime o inexprimível, traduz o intraduzível. Podemos encontrá-la nas mais variadas formas, às vezes, muito distante de galerias e museus. Arte está em trocar o e-mail pela carta, uma conversa no "msn" por um chimarrão com os amigos, uma hora de "paciência" no computador por uma hora de banco imobiliário com os filhos. Somente depois de conseguirmos nos desvencilhar de todo o comodismo é que a burca negra que cobre todo o planeta cairá.

domingo, 21 de agosto de 2011

Sobre Tonho Croco e palavras.

Durante a Idade Média, surgiu uma instituição que, por sua demasiada influência e importância, ditava as regras para toda a população: a igreja. Quando algumas pessoas decidiram contrariar o que lhes era imposto, foram queimadas como pecadoras. Durante cerca de 500 anos, nada restou para a população além do silêncio da concordância. Hoje, nos perguntamos: até que ponto argumentar é melhor do que silenciar?
Desde pequenos, somos ensinados a obedecer ao professor que está na sala de aula. Entretanto, quando discordamos de alguma atitude ou comentário, seria errado expressarmos o que pensamos? Dificilmente essa atitude seria vista de maneira positiva, mas sim como uma afronta. Se a ideia fosse vista dessa forma, então ainda viveríamos na Idade das Trevas. Fato é que, existem determinados momentos em que o silêncio deve falar mais alto, justamente pelo bem comum. Se cada um fosse totalmente livre para fazer o que bem entendesse, então não poderíamos viver num ambiente com leis e regras de convivência.
Nas últimas semanas, o estado do RS vem acompanhando a história de Tonho Croco, músico que foi processado por um deputado após criar uma música que denunciava um aumento salaria feito às escondidas. No caso de Tonho Croco, a tentativa de argumentar e contestar quase custou sua liberdade. Certamente, é preciso muita coragem para falarmos quando o silêncio para ser mais prático, mais confortável.
Para Confúcio, o silêncio é um amigo que nunca trai. Quantas vezes falamos algo por impulso e depois nos arrependemos...Na dúvida, o silêncio sempre será a melhor escolha, ainda que seja o silêncio de cansaço de quem se viu esgotado de tanto explicar.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Sobre professores e desenvolvimento. (Relação óbvia, não?)

Os heróis e exemplos de jovens e crianças do século XXI se encontram em 'Hollywood", ou nos desenhos animados. No entanto, se perguntássemos aos nossos avós quais eram seus ídolos quando tinham a nossa idade, a maioria citaria o nome de algum professor. Profissão louvável em qualquer tempo da história, hoje em dia carece de respeito e de consideração.
Ao acompanharmos os meios de comunicação, vemos os frequentes casos de agressão a professores, bem como o número de vezes em que os jovens saem impunes de seus atos. A falta de respeito e de devido valor àqueles com que convivemos desde a infância tem suas consequências em números: quase 70% dos alunos entrevistados durante pesquisa realizada afirmaram nunca ter considerado a ideia de lecionar. A densidade dos cursos da UFRGS também aponta grande queda na busca por graduação com licenciatura, especialmente cursos como Letras e Matemática, disciplinas fundamentais e cuja baixa é expressiva e preocupante.
Durante minha infância, todo o ano minha mãe e eu comprávamos algum mimo para presentear meus professores no seu dia. Hoje, a alegria dos alunos pelo dia do professor parece se resumir ao feriado. Falta de estrutura nas escolas e remuneração baixa são fatores que também afetam a decisão profissional. Diversas escolas sofrem com a falta de professor, restando como única opção cancelar aulas ou colocar profissionais para trabalhar fora da sua área.
Uma nova propaganda do governo atenta para a unanimidade da população mundial ao citar o profissional mais importante: o professor. Indicativos de qualidade de ensino em países desenvolvidos comprovam que o ato de educar está diretamente ligado à formação da sociedade e do caráter dos que ali vivem.
Ser professor é um ato de amor para com as futuras gerações, é ser o pilar da construção de uma sociedade, transformando crianças e jovens em cidadãos conscientes. Somente quando esse profissional tiver seu devido valor é que voltaremos a ter grandes quantidade de jovens almejando lecionar.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Sobre Cabresto e Copa do Mundo.

"Well you know, we all wanna change the world."
Hoje em dia, todo mundo tá meio assim, como diz o Prof. Claudiomar, querendo revolucionar, mudar o mundo, e acordando 10h30. Depois de ter tido aulas de história de verdade, e por influência do professor da matéria, comecei a perceber que, de fato, nossa história é deprimente. Não temos uma revolução que obteve resultados para o bem do povo, fizemos a independência e continuamos vivendo num império, dependentes de Portugal, da Inglaterra, de latifundiários, de comerciantes. A Revolução Farroupilha foi de elite, queria apenas resultados que favorecessem os grandes produtores de charque, colocou os negros nas frentes de batalha, prometeu liberdade aos que lutassem e não cumpriu. Nossa república sempre foi ridícula, do café-com-leite, com direito a cabresto e coronelismo. Vou pra aula estudar a Revolução Francesa, Revolução Russa, Revolução Mexicana; vejo na TV os gregos saindo para as ruas e fazendo alarde por causa de irregularidades do governo, crises, aumento de preços dos alimentos, enquanto nós, aceitamos tudo numa boa.
"Enquanto te exploram, tu gritas gol", foi o que eu fiquei sabendo estar escrito num viaduto de PoA. Enquanto pessoas morrem esperando na fila do SUS, construímos estádios e trazemos a Copa do Mundo e as Olimpíadas para cá. Enquanto a educação é precária e os professores recebem um salário vergonhoso, ministros, deputados, senadores, prefeitos, vereadores, e até organizadores do Natal Luz de Gramado compram mansões, carros importados, jatinhos, tudo com o nosso dinheiro.
E nós? Nós assistimos ao Jornal Nacional, esperamos terminar a novela e acompanhamos a rodada do campeonato brasileiro da quarta. Nós vemos erros ridículos acontecerem no Enem e aceitamos, bancamos o luxo alheio sem protestar, colocamos palhaços como deputados, e achamos bonito.
Temos uma herança, que vem desde nosso descobrimento, que parece ser impossível de sair do nosso DNA, caráter dominante, em toda a população: o comodismo.
Até quando? Pergunto eu, respondam vocês, respondamos nós todos.

sábado, 30 de julho de 2011

Sobre tricô e meu irmão.

Eu não levo jeito com artesanato. Quando tinha uns dez anos, fui fazer curso de bordado. Moral da história: chorei de tanta raiva enquanto bordava uma toalhinha de bebê. Minha segunda tentativa foi quando comprei um novelo de lã azul pra aprender a fazer uma manta: desisti na 3º carreirinha porque eu apanhava pra colocar os pontos de volta na agulha. Impaciência sempre foi um baita defeito meu: odeio não conseguir as coisas, e me irrita que os outros não consigam as coisas que eu considero fácil. Isso não significa que eu sou malvada quando alguém me pede pra explicar algo (na maioria das vezes, eu explico com o tom de voz normal).
Minha situação com trabalho manuais é traumática, nunca gostei muito de desenhar no colégio, minhas pessoas sempre ficavam tortas. O que mais me irritava era que, o bosta do meu irmão (♥), desenhava super bem e tinha até aqueles blocos de desenho. Naquela época a gente ainda brigava, então chamei ele de bosta pra relembrar os velhos tempos.
Paciência é um dom divino, todos dizem. Mas sei lá, às vezes eu penso que paciência e tolerância andam muito unidas. Não deixo as pessoas fazerem o que bem entendem, não tolero diversas atitudes. Quando tu é muito paciente, os outros acabam se aproveitando de ti, ou então tu acaba se transformando naquela pessoa fechada, que não conta os problemas, vai engolindo todos os sapos que aparecem, até que um dia tudo excede o limite e: BUM!
Me mandem escrever 703948 vezes o Hino Nacional, mas não me peçam para bordar, tricotar, pintar, desenhar. Ainda bem que costurar pessoas é algo que me deixa bem mais animada!

(O título ficou gay, eu também achei.)

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Sobre Homeostase e Leis de Newton.

Durante a Inquisição, no período da Contrarreforma, a igreja católica decidiu perseguir os hereges: pessoas que atuavam de maneira contrária a seus preceitos. No decorrer da Idade Média, o poder da igreja era maior do que qualquer outra entidade, o que ampliava o significado dos preceitos católicos, englobando, além de teorias religiosas, teorias científicas e filosóficas. Célebres como Galileu Galillei e Giordano Bruno sofreram por suas ideias que, anos depois, acabaram por ser comprovadas, como é o caso da Teoria Heliocêntrica, de Galillei.
Onze séculos depois, tomamos este fato como exemplo para entender que a intolerância a novas ideias só atrasa o desenvolvimento humano. Se, na "Idade das Trevas", igreja e ciência tivessem convivido de forma harmoniosa, quiçá quantos anos antes, e quem teria descoberto que "a toda ação cabe uma reação" no lugar de Newton, no final do século XVII.
A homeostase corporal, ou seja, o equilíbrio entre a absorção e a liberação de energia, só é alcançado uma vez, no momento da morte. Tal fato se torna contraditório, pois iguala o equilíbrio à inexistência. Na verdade, mostra que a busca pelo equilíbrio é o que nos mantêm vivos.
O já batido ditado "nem oito, nem oitenta" tem seu fundo de razão; tudo que falta ou está em excesso faz mal. Abrir a mente para novas ideias é capaz de contribuir para o crescimento pessoal, ampliando nossos pontos de vista e, muitas vezes, permitindo que aperfeiçoemos nossas teses.
Na Idade Média, a população não tinha escolha entre concordar ou não com o que lhes era imposto. Hoje, vivemos na era digital, em que fontes de pesquisas são inesgotáveis. Se Pasteur não tivesse contestado a Teoria da Abiogênese, creríamos até agora que ratos nascem de roupas sujas. A partir do momento em que determinada situação gera desconfiança, é nossa obrigação buscar harmonia entre nossas crenças e o que já foi postulado. Concordo, portanto, com Einstein: uma mente que se abre a novas ideias nunca mais volta ao seu tamanho original.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Sobre dinheiro e trabalho voluntário.

Dalai Lama disse: seja a mudança que você quer ver no mundo. O ato de mudar não se restringe às oito horas diárias que recebemos por nosso trabalho; sendo assim, é possível encontrarmos algo muito mais recompensador para nosso corpo e alma: o trabalho voluntário.
Até com a escolha de uma profissão que nos agrade, é normal que, após vários anos exercendo o mesmo trabalho, nos sintamos "vazios". Trabalhar em prol do próximo sem exigir nada em troca é capaz de nos trazer satisfação pessoal. Está comprovado, cientificamente, que atitudes como fazer doações ou auxiliar ONG's provocam a liberação de serotonina no sistema nervoso central, neurotransmissor que controla sensações de bem-estar e de prazer. De tal forma, mais do que auxiliar e do que proporcionar momentos de alegria a quem necessita, estamos nos presenteando com sensações agradáveis.
O excesso de preocupação com a estabilidade financeira pode levar a cometer erros, optando por profissões com boa remuneração, mas que, por outro lado, são incapazes de  trazer felicidade e paz de espírito. Da mesma forma, é imprescindível que encontremos algo que consiga nos fazer feliz. Desde meus sete anos de idade, faço parte do Movimento Bandeirante, entidade que tem como objetivo ajudar o próximo, e como lema "Semper Parata" (sempre preparado, em latim). Estar preparado é estar a dispor de quem carece, é fazê-lo por gostar, pelo sorriso e pelo agradecimento que nos dão em troca.
Quantas vezes tendemos a complicar o que é simples, julgando que o dinheiro é capaz de comprar nossa plenitude, quando, na verdade, ela se esconde nas coisas mais simples. O trabalho voluntário engrandece que o recebe, mas muito mais quem o proporciona.

domingo, 24 de julho de 2011

Sobre borrachas e futuro.

A vida é como o texto que estou escrevendo agora: sem borracha. E quando não temos como apagar o que não gostamos, precisamos rabiscar, usar corretivo, decisões que nunca deixam a folha intacta, restam marcas, cicatrizes.
Quando Chico fala: "aja duas vezes antes de pensar", ele não é muito feliz na escolha. Depois que a palavra foi dita, ou a atitude tomada, o que permanece pode não ser tão agradável. Ontem, a pergunta para a Miss RS, durante o Miss Brasil foi: se você pudesse saber algo sobre o seu futuro, o que seria? Ela, sabiamente, respondeu que, no fundo, todos sabemos nosso futuro, pois é a partir de nossas atitudes diárias que o construímos. É o tipo de coisa óbvia, mas que não nos damos por conta. O que tu fazes no teu emprego define qual cargo tu irás ocupar, teu desempenho na faculdade define o tipo de profissional que tu serás.
Teu futuro depende de ti. Se teu objetivo é ter uma linda casa, família, dinheiro para viver tranquilamente, trabalhe para isso. Não recomendo esperar pela mega-sena, ela pode não chegar. Só que, quando as coisas não derem certo, não tente encontrar culpados, a culpa também é tua. Se tu não estavas pronto quando a oportunidade chegou, tua mãe, teu irmão mais novo, teu cachorro, ninguém tem nada a ver com isso. Da mesma forma que admitimos nossas glórias, temos que admitir nossas falhas (não pensem que porque eu digo isso, considero uma tarefa fácil).

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Sobre amigos e tranças.

Hoje é dia do amigo!
Não, não daqueles 600 amigos que tu tens no Facebook e no Orkut. Dia daqueles 8, no máximo 10, que você sabe que pode contar em todos os momentos. Dia daqueles que te carregaram bêbado, que te ofereceram o ombro pra chorar, que te abraçaram e estiveram ao teu lado nas piores horas, e nas melhores também! Dia daqueles que fazem tranças pra ti depois da aula (Lu♥), que te obrigam a estudar as matérias que tu detesta, que te xingam quando tu está errado, que te mostram o caminho certo a seguir e se oferecem para te guiar, caso tu esteja perdido!
Não mande "Feliz dia do amigo" aos sete cantos do mundo, só tu sabes quão ínfimo é o número de pessoas que, quando tu precisares, realmente vai estar lá. O mais importante na vida não é quantidade, e sim, qualidade. O número de amigos que eu tenho é mínimo, no entanto, o valor destas amizades é inestimável! Aproveita a internet e as tuas amizades virtuais, mas nunca te esqueças dos que estão ao teu lado, convivem contigo, te aturam diariamente!
"Se você quiser saber, o que eu sinto eu vou dizer, é amizade muito pura por você."

domingo, 17 de julho de 2011

Sobre estações e livros.

Odeio terminar livros. Detesto o sentimento de não fazer mais parte daquele romance, daquela família, daquelas vidas; fico prolongando as últimas páginas o máximo que posso, talvez seria melhor nunca ler a parte final, o "viveram felizes para sempre." Existe coisa melhor do que a eterna curiosidade sobre o que acontecerá na próxima página? Minha vontade de postergá-la tem fundamentos.
O último livro que li foi "O palácio de inverno", do John Boyne. Um livro típico de inverno, ( eu e essa minha mania de dividir os livros por estações) contexto histórico genial, drama que me faz chorar, tudo combinando com inverno, chuva, cobertores e frio. Quando o ano começou, me prometi que não deixaria de ler coisas que eu gosto por causa do vestibular. Minha decisão não implica em diminuir as horas de estudo, significa saber organizar o horário para ter tempo de fazer tudo o que quero. Como já dizia Mário Quintana: o verdadeiro analfabeto é aquele que sabe ler, mas não o faz. Comecei a amar livros na minha 4ª série, quando descobri o que era Harry Potter. Meu gosto pela leitura iniciou-se ali, e é graças a ele que hoje ganho mais livros de aniversário do que qualquer outra coisa. Troco tranquilamente uma roupa ou sapato novo por um livro que eu queira ler; é questão de cultura, eu sei; coisas que se aprende na infância...
A internet disponibiliza livros para todos que queiram ler, as bibliotecas públicas existem em quase todas as cidades. Para 99% da população, não existe outra justificativa para não ler, além da preguiça e do relaxamento. Claro que é mais prático assistir a novela, o Faustão ou o Gugu, no entanto, só quem já leu algo que realmente gostasse sabe o quão satisfatório é ter a permissão do autor para conhecer seu mundo imaginário, montá-lo na sua mente, desvendar crimes, chorar, sorrir, torcer e, muitas vezes, querer não terminar a leitura, deixar que a história viva para sempre.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Sobre profissões e bem-estar.

Essa semana tive uma palestra muito interessante com um médico. Em uma hora, ele falou como é a vida de um médico, todos os pontos negativos e positivos. Depois daquilo tive certeza que é isso que eu quero fazer pelo resto da minha vida. Não me importo com os chamados fora de hora, com a quantidade de tempo dedicada ao estudo, com as dificuldades para chegar na residência, inclusive as que passo agora, para entrar na faculdade. Como é importante fazer o que gostamos, o que realmente nos satisfaz. Meu professor de história diz que quando acorda de manhã, ele não pensa que vai trabalhar, ele vai se divertir. Quero poder sentir o mesmo depois de formada, ainda que pareça macabro divertir-se com a doença alheia. Acontece que, a diversão não está na doença, está em ver a pessoa curada, em saber que tu salvaste a vida de alguém, que tu devolveste a felicidade a alguma família.
Independentemente da área de atuação, encontrar no emprego muito mais do que uma forma de sustento é essencial. O profissional só é excelente quando faz aquilo que gosta, aquilo que lhe traz alegria e bem-estar. Talvez a maior prova disso seja as pessoas que ainda querem se tornar professores, lutar pela educação no nosso país, que tanto carece neste quesito. Quando teus pais dizem que determinada profissão está saturada, ignore; não existem profissões superlotadas, o melhor sempre irá se destacar, independente do tamanho da concorrência.
Não se acomode: escolha a profissão que te faz feliz, não por causa da remuneração, do status, da praticidade ou da influência dos teus pais. Só existe uma pessoa capaz de decidir o que tu deves fazer pelo resto da vida: tu.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Sobre guarda-chuvas e ursos polares.

Desde os primeiros minutos de vida de um urso polar, ele é ensinado pela mãe como caçar e como se defender. Ursos machos atacam os filhotes do mesmo sexo a fim de acabar com uma possível concorrência; dessa forma, a educação que o filhote recebe ao nascer é crucial para sua sobrevivência. Não tão dramático quanto o risco de morte dos ursos, os preceites que os seres humanos passam para sua prole também são relevantes; afinal, são eles que determinarão as posições tomadas diante de situações futuras.
Para Einstein, a educação é o que resta quando esquecemos tudo o que aprendemos na escola. A conclusão de Einstein faz com que percebamos quem são os atores principais neste cenário: os pais. Entretanto, a pergunta que mais ouvimos é "qual a melhor forma de educar?". A relação entre pais e filhos vem se tornando mais complexa: a falta de tempo dos pais, filhos que preferem jogar "Playstation" a manter uma boa conversa e todos os adventos do século XXI, que afastam as pessoas das relações palpáveis e aproximam do mundo cibernético, corroboram com a dificuldade do relacionamento familiar.
Várias vezes ouço minha vó comentar que, antigamente, as pessoas tinham mais filhos e menos dinheiro, e, mesmo assim, conseguiam criá-los; hoje, a renda é maior, e mesmo assim é difícil criar um. O modo de vida mudou consideravelmente nas últimas décadas, as necessidades materiais não são mais iguais; no entanto, as necessidades psicológicas nunca mudam. A ênfase dos pais precisa ser na formação do caráter, já que casos nos quais filhos têm tudo o que desejam e, mesmo assim, tomam atitudes inadequadas são comuns. A construção pessoal vai muito além de um novo "Ipod", é ela quem define quem realmente somos e seremos.
Embora não vivamos no perigo iminente, tal qual os ursos polares, os ensinamentos familiares nos mostram, a longo prazo, como sobreviver. Não é raro nos depararmos com situações nas quais, se tivéssemos ouvido nossos pais, não teríamos "quebrado a cara". Um simples exemplo é o guarda-chuva: quando os pais avisam que vai chover, acredite. A relação entre pais e filhos precisa dar certo: ela é o alicerce para a construção do futuro e do caráter das próximas gerações.

- Minha intenção é postar um dia sim e uma dia não. Quero avisar pra que não desistam de entrar no blog caso entrem e não encontrem post novo. Obrigada a todos que gostam do que eu escrevo! :)

domingo, 10 de julho de 2011

Sobre o Ziggy e a Pré-História.

Há milhares de anos, a relação entre homens e animais era de sobrevivência: a caça ao bizão, por exemplo, garantia a alimentação das tribos durante a Pré-história. Milênios mais tarde, seres humanos passaram a criar laços de afeto com os animais, deixando de vê-los como alimento, passando a tê-los também como companhia. O convívio entre essas duas espécies estreita mais e mais esses laços, tornando, muitas vezes, um amor semelhante à mãe e filho.
Quando comecei a trabalhar, decidi que investiria meu primeiro salário em um cachorro, afinal, meus pais nunca quiseram me dar um e esta era minha grande chance. Um dia após a chegada do Ziggy, ele já era tratado como o bebê da casa por todos, inclusive minha mãe, que, inicialmente disse que "não moveria uma dedo" para cuidar dele, e, hoje, ao sair de casa coloca um casaco no sofá para ele dormir e não se sentir tão sozinho. O apego pelos animais é inevitável, eles são carinhosos, parecem entender o que falamos e tentam responder, seja com latidos, lambidas ou miados.
Bill Maher, protetor dos animais, disse: a razão por eu amar tanto meu cachorro é porque, quando chego em casa, ele é o único que me trata como se eu fosse um integrante dos "Beatles". Da mesma forma que criamos afinidade pelos nossos bichinhos, eles fazem o mesmo conosco. Casos de gatos e cachorros que acompanharam seus donos até a morte, passando a viver nos túmulos, ou situações nas quais os animais passam por uma fase depressiva na ausência de alguém de sua família são habituais.
Já está cientificamente provada a capacidade que algumas espécies têm de se comunicar. A chamada "carinha de cachorro que caiu da mudança" é feita intencionalmente, com o olhar do animal fixo no olhar da pessoa. Testes comprovaram que cachorros são capazes de sentir o cheiro de uma colher de café colocada numa piscina de vinte mil litros - talvez isso explique porque meu cachorro dorme tranquilo no casaco da minha mãe.
Homens e animais aprenderam a manter um companheirismo vantajoso, repleto de afeto e de proteção. Obviamente a convivência entre humanos é incomparável, no entanto, a tentativa de substituir uma perda de ente querido por um animal tornou-se usual. Humberto Gessinger, em uma de suas canções, afirmou: você, que tem ideias tão modernas, é o mesmo homem que vivia nas cavernas. A relação que temos agora, durante muito tempo foi algo inimaginável; quem sabe no futuro consigamos encontrar uma forma efetiva de comunicação entre humanos e animais, aprimorando ainda mais esta amizade.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Sobre jatinhos e casmurrice.


Parece que ser educado virou luxo: alguns tem uma Ferrari, outros um jatinho, enquanto outros poucos são educados. A prova disso é que, quando nos deparamos com alguém educado, isto nos chama a atenção. Que bizarro, algo tão trivial ter se transformado em raridade.

A dificuldade com que encontramos pessoas gentis é inversamente proporcional a dificuldade de encontrarmos alguém mal educado. Entramos numa loja e, lá está a atendente mal-humorada te olhando com cara de bunda; quando vejo esse tipo de coisa, tenho vontade de dizer: vai fazer alguma coisa que te agrade e poupa o universo dessa tua casmurrice, criatura. Ao chegarmos ao trabalho, o chefe não se digna a dar bom dia, afinal, ele faz parte de outra classe, aquela que compra Ferraris. Se tu és dono de uma empresa e não és capaz de cumprimentar teus funcionários, o que tu na verdade és é um grande bosta. E isso vale pra qualquer pessoa que tenha um cargo (ou ache que tem) importante.
Gentileza e educação também estão nas atitudes: o que te custa dar um abraço na pessoa que tu gosta, que te faz bem? O custo-benefício é imenso.
Não quero sugerir que todos sejam como flores-do-campo, afinal, quando eu bato meu dedinho no canto do móvel, prezo por um palavrão pra diminuir a dor. O crucial é entender que, como já disse Martha Medeiros em uma de suas crônicas: "não há livro que ensine alguém a ter uma visão generosa do mundo, a estar nele de uma forma não arrogante."
São coisas que se aprende praticando, e nesse quesito grande parte da população não sai da teoria.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Sobre ditados e Sessão da Tarde.

Hoje, em especial, lembrei de momentos da minha infância que gostaria que voltassem: lembrei de quando eu deitava na cama - pronta para dormir - e gritava: Paaaaaaaaai, vem colocar as cobertas e fechar a janela?; ou então, da expectativa da vinda da fada do dente (que, por sinal, era meio pão dura, comparando com essas fadas de hoje em dia); lembrei também de quando meu primo e eu íamos em família para a praia, e discutíamos  para decidir quem tomaria banho primeiro.
Porque temos tanta dificuldade em acreditar quando os outros nos dizem: aproveita bem essa fase, tu vai sentir falta? Para quem tem oito anos, parece que nada pode ficar pior que aquele exercício de divisão, ou o ditado da professora de português. Quando alcançamos os dez anos, queremos alcançar os quinze, e depois, invariavelmente, os esperados dezoito, e para por aí. Depois dos dezoito, bate o desespero da aproximação dos vinte, o desejo de ser novamente criança, poder assistir sessão da tarde e fazer nada o dia inteiro.
Nossa inconstância nos atrapalha. Nunca queremos estar onde estamos, ou um pouco adiante, ou uns anos atrás. Isso nos impede de que aproveitemos muito tempo da breve  vida que temos. Bem que dizem que quando temos alguma situação empolgante por acontecer, o tempo mais legal é o que passamos esperando por ela. Precisamos aprender a viver o hoje, o agora, mesmo que seja do nosso instinto essa necessidade de garantias futuras. Acorde todas as manhãs pensando que será o último dia da sua vida, e aja como se realmente fosse.
 Só para deixar claro, eu não estou sugerindo que você largue a faculdade e o trabalho para se tornar um vagabundo sustentado pelos pais. Se bem que com esse frio não seria má ideia.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Sobre lençol térmico e dificuldades.

Quarta-feira passada, meu professor de história mostrou um vídeo de um homem sem braços e pernas que dá  palestras motivacionais, nada, surfa e joga bola. Eu, sinceramente, me senti um lixo de ser humano depois de assistir aquilo. Afinal, o que é dificuldade? Acordar numa manhã de inverno ou aprender a se levantar usando como único apoio a cabeça?
Como temos coragem de reclamar que falta açúcar no café que nossa mãe fez, sabendo que existem pessoas que tem como única opção beber água da chuva/poças/rios? De vez em quando paro pra pensar como a maioria dos nossos problemas são fúteis; problema mesmo é o de quem,  a 0º C, tem que dormir embaixo de um papelão (quando penso nisso perco o sono).
Queria aprender a pensar mais antes de reclamar de algo, antes de desistir de algum desafio que a vida me impõe. Tudo bem que todos os dias enfrentamos problemas, mas o que pode se comparar a superação em pessoa que é esse cara? Quem sou eu para falar, se na 3º vez que um exercício de matemática dá errado, eu paro e desisto? Quem és tu para falar, se xinga tua mãe por não ligar o teu lençol térmico pra que quando tu chegue a cama esteja quentinha? Quem somos nós, diante das nossas dificuldades?
Eu quero ser a superação, quero rir dos problemas que me aparecerem, quero acordar todas as manhãs e pensar: eu sou capaz sim; eu vou passar no vestibular sim; o meu nome já está lá no listão! Talvez todos nós devêssemos assistir esse vídeo todas as manhãs, antes de fazer qualquer coisa. Talvez todos nós devêssemos repensar o nosso conceito de dificuldade. Talvez todos nós devêssemos repensar as atitudes que tomamos, a vida que levamos e a importância que damos a ela.


Aqui estão os links dos vídeos, assistam:
http://www.youtube.com/watch?v=36fw7v4ufX4
http://www.youtube.com/watch?v=9igbzGlkTMU

domingo, 3 de julho de 2011

Sobre STOP! e Álvaro de Campos.

Não consigo escrever no Word; me deprime...é tão artificial, perde totalmente a graça do ato. Agora estou escrevendo em uma folha do meu caderno de biologia, com os dedos teimando em não obedecer, e tudo isso graças ao frio. Como é chato quando tentam "internetizar" coisas que foram criadas para serem palpáveis. Por exemplo: cartas são insubstituíveis. Se para Álvaro de Campos "todas as cartas de amor são ridículas", eu retifico: ridículos mesmo são emails de amor. O que substitui o prazer de abrir o envelope ansioso com o que está escrito na folha dobradinha lá dentro?
Jogar STOP! online também não tem emoção. Legal mesmo é poder, disfarçadamente, escrever uma resposta durante a correção. Mais uma banalização dos sites de relacionamento: eu, sinceramente, não tenho interesse algum em receber "Parabéns, bjs." de quem copia e cola a mesma mensagem para todos os aniversariantes do dia; quero ser lembrada por quem me considera importante, mesmo que o número de pessoas caiba numa mão.
Certas coisas (homenagem ao meu professor de redação que tanto adora essa palavra) são singulares: um beijo nunca será comparado a um emoticon (K) do MSN, receber um "eu te amo" olhando nos olhos é completamente diferente de receber uma mensagem no celular. No entanto, quanto às filas de banco, essas prefiro deixar para quem realmente aprecia o poder da convivência e da paciência.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Sobre bondade e cachorros

Às vezes sinto como se a humanidade fosse adestrada tal qual os cachorros: se rolar, ganha biscoitinho. O problema não se concentra no "rolar", e sim no "ganhar biscoitinho". - Se tu deixares fazer a vacina, ganhas um brinquedo - tua mãe te dizias quando eras menor. Hoje é: se tu passares de ano no colégio, ganhas um iphone; se tu passares no vestibular, ganhas um carro. Nosso século tornou-se a "ditadura das recompensas", no qual parece que nada é feito pelo simples fato de querer, ou ser importante, ou gostar, ou...
Por que alguém passa no vestibular? Para ganhar um carro ou para ter um futuro melhor? Eu quero passar para alcançar meu objetivo, realizar meu sonho. Tomei vacina e, no máximo, ganhei um pirulito da enfermeira em troca; não precisei de uma Barbie Voadora para ser convencida de que aquilo era em meu prol. Inclusive, parece que o "fazer o bem se olhar a quem" entrou em extinção, assim como o "jogar o lixo no lixo", o "uso consciente", e qualquer coisa que não proporcione alguma espécie de reconhecimento.
Talvez isso seja irreversível, talvez agora tudo tenha uma razão mais forte (financeira) para acontecer, mas prefiro continuar acreditando que a árvore foi plantada para ajudar o planeta, que o assento do ônibus foi cedido ao idoso por bom senso, e que as sacolas da velhinha foram carregadas por pura bondade.

Sobre sopas e sentimentos

Geralmente os extremos tendem a preocupar. Desde pequenos, somos ensinados a estar no meio termo. Nem 8, nem 80, sejamos 44. Até partidos políticos conseguem estar no meio da corda, porque na vida é tão difícil? Viver é sentir, e sentimentos prezam por extremos...amar; como se ama mais ou menos? Ninguém é amigo de alguém que acha "meia boca", e eu digo amigo, e não conhecido. Vendo minha corda como o eixo X de um gráfico, quando alguém me machuca, eu quase atinjo os valores negativos...Não digo "bom dia" pra quem eu não gosto apenas por convenção social, ninguém merece meias-verdades - meias-mentiras -. Leva algum tempo até aprendermos: tudo que é meio-termo fica sem graça, ou alguém gosta de sopa morna?