sexta-feira, 1 de julho de 2011

Sobre bondade e cachorros

Às vezes sinto como se a humanidade fosse adestrada tal qual os cachorros: se rolar, ganha biscoitinho. O problema não se concentra no "rolar", e sim no "ganhar biscoitinho". - Se tu deixares fazer a vacina, ganhas um brinquedo - tua mãe te dizias quando eras menor. Hoje é: se tu passares de ano no colégio, ganhas um iphone; se tu passares no vestibular, ganhas um carro. Nosso século tornou-se a "ditadura das recompensas", no qual parece que nada é feito pelo simples fato de querer, ou ser importante, ou gostar, ou...
Por que alguém passa no vestibular? Para ganhar um carro ou para ter um futuro melhor? Eu quero passar para alcançar meu objetivo, realizar meu sonho. Tomei vacina e, no máximo, ganhei um pirulito da enfermeira em troca; não precisei de uma Barbie Voadora para ser convencida de que aquilo era em meu prol. Inclusive, parece que o "fazer o bem se olhar a quem" entrou em extinção, assim como o "jogar o lixo no lixo", o "uso consciente", e qualquer coisa que não proporcione alguma espécie de reconhecimento.
Talvez isso seja irreversível, talvez agora tudo tenha uma razão mais forte (financeira) para acontecer, mas prefiro continuar acreditando que a árvore foi plantada para ajudar o planeta, que o assento do ônibus foi cedido ao idoso por bom senso, e que as sacolas da velhinha foram carregadas por pura bondade.

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