segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Não seja um desesperado.

Durante a Idade Média, vigorava uma sociedade estamental cujo topo era ocupado pelo órgão de maior influência da época: o clero. A igreja manipulava os fiéis de forma avassaladora, controlando o modo de pensar, agir e falar de toda a população. Entre as ações consideradas motivos para a excomunhão estava o riso; humor era sinônimo de pecado.
Com o desenvolvimento comercial e a chegada de novas ideias com o Renascimento e Iluminismo, o mundo passa a ter uma visão antropocêntrica, colocando o homem como a maior criação divina. O surgimento de cantigas, teatros e literatura trouxe momentos de descontração aos que, anteriormente, desconheciam o lazer. Gil Vicente, autor português do período Humanista, criava peças conhecidas como "farsas", em que criticava de forma irônica e cômica algum costume da sociedade. Uma das mais famosas, "A farsa de Inês Pereira", ironiza a ocorrência do casamento por interesse, fato comum naquela época.
No Brasil, uma das primeiras obras a possuir caráter cômico é de Manuel Antônio de Almeida, "Memórias de um Sargento de Milícias", onde conhecemos o primeiro "anti-herói" brasileiro: Leonardinho. Contrariando o período romântico em que a obra se insere, ela reduz o idealismo e se aproxima da realidade social do Rio de Janeiro durante o período Joanino. Machado de Assis, um dos maiores (se não o maior) autores da literatura brasileira, ficou conhecido e marcado pela ironia e humor com que criticava e analisava psicologicamente seus personagens.
Atualmente, os meios de comunicação propiciam um humor que vai muito além das folhas de um livro ou das salas de um teatro: é possível dar muitas gargalhadas em frente ao computador, procurando vídeos humorísticos. Pessoas "comuns" acabam tornando-se famosas devido aos seus "vlogs": sites em que postam vídeos que tratam de temas cotidianos com uma pitada de humor. Tenho vinte anos e meu pai 58, no entanto, quando ligamos a televisão, a preferência é a mesma: assistir à séries de comédia, inicialmente popularizadas nos Estados Unidos, e agora com fama mundial.
O humor tem como principal função permitir momentos de lazer e descontração a fim de que esqueçamos um pouco os problemas. Contudo, Frejat já dizia em uma de suas canções: e que você descubra que rir é bom, mas que rir de tudo é desespero. Pessoas que acham graça em tudo provavelmente consideram essa uma forma de esconder seus medos e frustrações, enquanto os "carrancudos" espalham por aí seu mau-humor eterno.
Independentemente da forma escolhida, rir é um exercício para a alma; seja dos deboches de Machado de Assis ou das piadas da coluna de jornal, que encontremos o equilíbrio para não parecermos nem remanescentes da Idade Média, nem desesperados.

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Senti saudade!

Eu estava com saudade de escrever. Não posso culpar apenas a falta de tempo, a falta de vontade quando havia algum tempo disponível ajudou. Queria ter feito mais posts, talvez se eu tivesse me programado melhor...no entanto, como o tempo verbal utilizado já diz, o pretérito é imperfeito, e não sobrevivemos a base de "se's".
Com a chegada de um novo ano, muito mais do que estamos acostumados a tentar, devemos deixar os "se's" e os pretéritos (que quanto mais pensamos, mais imperfeitos se tornam) de lado. Um leque de 365 oportunidades, com 8760 horas para executarmos tudo que planejamos está pronto para se abrir. E isso não depende do seu aproveitamento das 8760 horas passadas, o tempo não guarda ressentimentos, está disponível para quem quiser fazer bom uso do que ele tem a oferecer.
Portanto, não creio que meu conselho tenha validade apenas com o bater do sino às 00h do dia 01. Todo dia é dia de mudar, independente de ser 20, 6, ou 31. Recorde apenas o que te faz bem, não perca tempo programando acontecimentos que já passaram, e que não irão se repetir. O agora é uma dádiva, e por isso se chama presente.
Drummond já nos alertava há tempos, "é dentro de você que o Ano Novo cochila, e espera DESDE SEMPRE".

Feliz 2013 :)

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Queira.

De 1965 a 1984, o Brasil viveu um período em que reinava a intolerância: a Ditadura Militar. Com órgãos direcionados unicamente à repressão, o governo controlava todas as manifestações artísticas, incluindo a música. Chico Buarque, Caetano Veloso, Elis Regina entre outros, sofreram com a análise que impedia diversas músicas de serem publicadas. Nesse mesmo tempo, um "Maluco Beleza" também tentava passar suas mensagens por meio de músicas. "Queira, basta ser sincero e desejar profundo, você será capaz de sacudir o mundo" é uma das frases mais inspiradoras da música brasileira.
Sem dúvida, seguir o conselho de Raul Seixas, no título de sua canção, e tentar outra vez é uma tarefa difícil. Não fomos acostumados ou ensinados a lidar com a derrota e controlar a decepção. Por mais que, na infância, ouçamos pais e professores dizendo que o importante é participar, é do gênio humano querer vencer. Na Inglaterra, a inveja da posse do trono por Ricardo, Coração de Leão fez seu irmão, João, Sem-terra criar um plano para matá-lo, que só não foi posto em prática por obra do destino, que matou o rei antes do previsto.
Sou pré-vestibulanda, e mesmo sem saber como lidar com resultados que não condizem com meus objetivos, fui obrigada a aprender. Entender a importância de tentar, "retentar", tentar outra vez e tantas outras quanto for necessário para vencer é essencial. A necessidade de resultados imediatos acaba nos distanciando dos nossos verdadeiros sonhos. Estou no terceiro ano de pré-vestibular e entendi que quem realmente vence é quem persiste e insiste naquilo que quer. Mais do que meu sonho, é meu objetivo ser médica; não consigo me imaginar fazendo outro curso, e não tenho intenção alguma de ser uma profissional frustrada.
Humberto Gessinger, com convicção, cantava que não veio até aqui para desistir agora. Insipirando-se nele, temos que crer que a cada passo dado estamos mais próximos do que queremos. O passo mais importante de uma caminhada é o primeiro, pois, a partir dele, temos motivação para seguir até o fim. Às vezes, imprevistos podem nos deixar para baixo, mas se unirmos a positividade de Raul Seixas com a determinação de Gessinger, dificilmente "ficaremos parados, com a cabeça nas nuvens e os pés no chão."

quinta-feira, 31 de maio de 2012

O "X" da questão

Há algum tempo, deparei-me refletindo a respeito da palavra "extraordinário". Separando o radical, concluí que o significado denotativo é próximo a: além daquilo que é ordinário ou comum. Na teoria, simples, mas na prática, nem tanto. Talvez uma das maiores qualidades do ser humano seja conseguir ver o que a rotina esconde. Ainda que o trajeto seja o mesmo, vê-lo de outra forma pode ser a solução.
A satisfação de uma boa leitura dificilmente é substituída por outra arte. Ver um quadro é agradável e inspirador; no entanto, entrar na vida de um personagem é capaz de nos emocionar, proporcionando risos, lágrimas e até indignação. Interessante mesmo é quando o autor não precisa criar uma história para emocionar, ele consegue isso falando a respeito de banalidades. Humberto Gessinger, ex-vocalista da banda "Engenheiros do Hawaii", aprendeu a transformar em texto tudo aquilo que já transmitia por canções. Como não admirar alguém que cria enquanto espera no aeroporto, ou repara o percurso que faz até o tênis? Estava mais certo do que imaginava ao dizer que  o "x" da questão é ver além da máscara.
Quando encontramos uma receita que parece deliciosa, não é normal guardarmos para algum momento especial? Quantas vezes abraçamos e dizemos "eu te amo" às nossas mães, além do dia dedicado a elas? Ver além da máscara é preparar um banquete para si, é acordar a mãe com um café-da-manhã na cama, numa segunda-feira qualquer. O além-mar não está tão distante quanto se imagina.
Saint-Exupéry já afirmou que o essencial é invisível aos olhos. Nossa mania de buscar por momentos especiais nos cega ainda mais daquilo que já é invisível. Sou pré-vestibulanda e sei que é impossível não viver com uma rotina regrada. Com horário para tudo, às vezes é inevitável esquecer de ver aquilo que os olhos não conseguem. Desde que li "Nas Entrelinhas do Horizonte", busco o que está nas entrelinhas do meu despertador tocando, dos meus horários de estudo, daquela questão de matemática que parece não ter solução. Posso dizer que cheguei a uma conclusão: o "x" da matemática, quando visto pelos olhos de quem conhece o "x" da questão do livro, torna-se muito mais bonito.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Sobre mudanças e juventude.


“Você diz que quer uma revolução, bem, você sabe, todos nós queremos mudar o mundo.” Assim inicia uma das músicas do famoso quarteto de Liverpool, eterno símbolo do rock’n roll e do bom gosto musical. "Revolution", criada por John Lennon e Paul McCartney se insere no contexto da Guerra do Vietnã e da Revolta Estudantil  em Paris, na década de 60. Também ligada à Guerra do Vietnã, surge o movimento Hippie, em que jovens americanos defendiam a paz, o amor e a liberdade.
Tanto em meados do século anterior, quanto no século XXI, algo intrínseco a juventude é o desejo de mudança. Existe uma esperança de alterar tudo que está errado no mundo, e a mesma é capaz de muitas conquistas. Em 2011, países como Tunísia, Egito e Líbia foram palco da primavera árabe: adolescentes organizaram um levante para tirar do poder ditadores com mandatos de até 30 anos.As manifestações para unir os jovens iniciaram na internet, o que levou a revolta a ser chamada de digital. Fato é que, os presidentes dos três países foram depostos e a chama da mudança inflamou e continua inflamando vários países vizinhos.
Conforme envelhecemos, essa vontade de arriscar vai dando lugar ao comodismo. Nos contentamos com o sofá e o controle da televisão na mão para vermos as notícias, ao invés de tentarmos fazer parte delas. Ao que tudo indica, a esperança é inversamente proporcional a nossa idade. Há uma "inconsequência positiva" que nos permite tomarmos decisões que normalmente não teríamos coragem. Tenho 19 anos, e já fiz três anos de cursinho pré-vestibular; me considero uma pessoa corajosa, afinal, teria sido muito mais prático escolher um curso mais fácil e me contentar com a profissão que não é a dos meus sonhos.
"Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo." A vontade de mudar não se resume ao exterior, mudar a si também é essencial, e se sobressai nos adolescentes. Unindo canções como "Revolution", dos Beatles, "Metamorfose Ambulante" e "Tente Outra Vez", do Raul Seixas, temos um hino da juventude, mostrando todos os seus desejos, anseios e características. Espero, daqui vinte anos, ainda lembrar que basta ser sincero e desejar profundo para ser capaz de sacudir o mundo.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Sobre oportunidades e epifanias.

Há mais de uma semana tô pensando sobre o assunto que queria escrever no blog. Não me vinha nada em mente...estava me conformando com a confirmação da hipótese que tinha levantado dias antes: as férias tinham me dominado completamente.
Ontem, no banho, dei uma de Clarice Lispector e tive uma epifania. Quanto mais tu espera, menos as coisas acontecem; tentar pensar no assunto sem estar com os dedos no teclado e com a página do blog aberta, ou sem um papel e uma caneta, é totalmente imprestável. Depois disso, acabei me dando conta que é assim  para quase tudo. Não devo ser a única que deita na cama e fica planejando um zibilhão de coisas, o que vai falar, o que vai fazer, e por fim, acabar optando por ficar de boca calada ou não agir. Acontece que planejamentos nem sempre dão certo. Aliás, na maioria das vezes as coisas não saem de acordo com o planejado. Nessas horas, precisamos dançar conforme a música, aprender o novo ritmo, adequar-se. Não falo de conformidade, conformar-se com as situações que a vida impõe costuma gerar pessoas medíocres. Estar pronto para o que quer que surja e transformar os acontecimentos em oportunidades é o que diferencia as pessoas.
Tudo acontece por alguma razão, e o mundo é bão, sebastião! :)

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Sobre folhas e 2012.

...You say, one love, one life
It's onde you need in the night...

Uma vida inteira, e mesmo assim falta tempo pra fazer tudo aquilo que queremos fazer (ou, pelo menos, dizemos querer). Não é meio decepcionante parar pra pensar sobre o tempo que desperdiçamos fazendo nada? Um universo pra ser descoberto, e eu aqui, deitada.
Quando chega dezembro, todo mundo já tá meio cansado da vida que está levando, das coisas que estão acontecendo, e as metas para o ano que vem surgem como uma enchurrada. Esse tique do relógio que faz o 31/12 - 23h59min59seg se transformar em 01/01 - 00h00min01seg traz consigo uma onda que leva todas as nossas decepções, tristezas e angústias embora, deixando um espírito de renovação, uma esperança de que tudo pode ser diferente, de que essa nova página está totalmente branca, pronta pra que eu escreva, pinte e até apague, afinal, sempre é possível descobrir algo que não valeu a pena ocupar espaço na nova folha.
Assim como na nova página do livro da vida, uma folha em branco para escrever tudo que deseja concretizar no novo ano é essencial. Aprendi que tudo que escrevo levo mais a sério, parece que as palavras estão lá, gravadas, para me lembrar e cobrar que cumpra o que prometi.
Espero que em 2012, vocês saibam utilizar com muita coerência a página de vocês; escolham bem o momento de usar caneta, de usar o lápis para evitar os possíveis aborrecimentos que as marcas podem deixar, mas, principalmente: preencham. Preencham a folha com tudo que os faz feliz, os faz querer viver e torna a vida de vocês completa.
Um maravilhoso 2012!