quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Sobre burcas e arte.

Religião iniciada por Maomé, durante o século VI, o islamismo é conhecido por suas leis e cultura muito diferentes das do mundo ocidental. Apesar de ter permitido a perpetuação do legado greco-romano durante a Idade Média, hoje tem seu tratamento com as mulheres visto como desrespeitoso e sórdido por boa parte da população mundial. Impedidas de mostrar seus rostos e corpos, de trabalhar, de ter voz ativa, as mulheres vivem sob as burcas que, mais do que corpos, cobrem sentimentos, vontades e dons.
Durante a Idade Média, não tínhamos tecnologia; no entanto, a produção artística desse período foi praticamente nula. Hoje, o que existem são pretextos para justificar a comodidade do ser humano. Crer que a tecnologia que dispomos nos dispersa do meio artístico é um argumento artificial; fatores como uma religião que proíbe a mulher de "viver", sob pena de morte, são muito mais consistentes do que a "preguiça enrustida". O islamismo é a prova de que até mesmo a arte é capaz de se destruir, sob diferentes aspectos.
Os adventos provenientes da 3º Revolução Industrial vieram para ampliar o conceito de arte que existia até então. Podemos ver apresentações de desenhos animados, de propagandas e vários outros setores que tiveram a chance de progredir com a computação gráfica, como é o caso do design. O problema é que, ao invés de utilizarmos tecnologias como a internet somente ao nosso favor, acabamos deixando que ela tome o lugar de atividades que propiciam a evolução mental, como escrever, ler um bom livro ou pintar um quadro.
Para Leonardo da Vinci, a arte diz o indizível, exprime o inexprimível, traduz o intraduzível. Podemos encontrá-la nas mais variadas formas, às vezes, muito distante de galerias e museus. Arte está em trocar o e-mail pela carta, uma conversa no "msn" por um chimarrão com os amigos, uma hora de "paciência" no computador por uma hora de banco imobiliário com os filhos. Somente depois de conseguirmos nos desvencilhar de todo o comodismo é que a burca negra que cobre todo o planeta cairá.

domingo, 21 de agosto de 2011

Sobre Tonho Croco e palavras.

Durante a Idade Média, surgiu uma instituição que, por sua demasiada influência e importância, ditava as regras para toda a população: a igreja. Quando algumas pessoas decidiram contrariar o que lhes era imposto, foram queimadas como pecadoras. Durante cerca de 500 anos, nada restou para a população além do silêncio da concordância. Hoje, nos perguntamos: até que ponto argumentar é melhor do que silenciar?
Desde pequenos, somos ensinados a obedecer ao professor que está na sala de aula. Entretanto, quando discordamos de alguma atitude ou comentário, seria errado expressarmos o que pensamos? Dificilmente essa atitude seria vista de maneira positiva, mas sim como uma afronta. Se a ideia fosse vista dessa forma, então ainda viveríamos na Idade das Trevas. Fato é que, existem determinados momentos em que o silêncio deve falar mais alto, justamente pelo bem comum. Se cada um fosse totalmente livre para fazer o que bem entendesse, então não poderíamos viver num ambiente com leis e regras de convivência.
Nas últimas semanas, o estado do RS vem acompanhando a história de Tonho Croco, músico que foi processado por um deputado após criar uma música que denunciava um aumento salaria feito às escondidas. No caso de Tonho Croco, a tentativa de argumentar e contestar quase custou sua liberdade. Certamente, é preciso muita coragem para falarmos quando o silêncio para ser mais prático, mais confortável.
Para Confúcio, o silêncio é um amigo que nunca trai. Quantas vezes falamos algo por impulso e depois nos arrependemos...Na dúvida, o silêncio sempre será a melhor escolha, ainda que seja o silêncio de cansaço de quem se viu esgotado de tanto explicar.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Sobre professores e desenvolvimento. (Relação óbvia, não?)

Os heróis e exemplos de jovens e crianças do século XXI se encontram em 'Hollywood", ou nos desenhos animados. No entanto, se perguntássemos aos nossos avós quais eram seus ídolos quando tinham a nossa idade, a maioria citaria o nome de algum professor. Profissão louvável em qualquer tempo da história, hoje em dia carece de respeito e de consideração.
Ao acompanharmos os meios de comunicação, vemos os frequentes casos de agressão a professores, bem como o número de vezes em que os jovens saem impunes de seus atos. A falta de respeito e de devido valor àqueles com que convivemos desde a infância tem suas consequências em números: quase 70% dos alunos entrevistados durante pesquisa realizada afirmaram nunca ter considerado a ideia de lecionar. A densidade dos cursos da UFRGS também aponta grande queda na busca por graduação com licenciatura, especialmente cursos como Letras e Matemática, disciplinas fundamentais e cuja baixa é expressiva e preocupante.
Durante minha infância, todo o ano minha mãe e eu comprávamos algum mimo para presentear meus professores no seu dia. Hoje, a alegria dos alunos pelo dia do professor parece se resumir ao feriado. Falta de estrutura nas escolas e remuneração baixa são fatores que também afetam a decisão profissional. Diversas escolas sofrem com a falta de professor, restando como única opção cancelar aulas ou colocar profissionais para trabalhar fora da sua área.
Uma nova propaganda do governo atenta para a unanimidade da população mundial ao citar o profissional mais importante: o professor. Indicativos de qualidade de ensino em países desenvolvidos comprovam que o ato de educar está diretamente ligado à formação da sociedade e do caráter dos que ali vivem.
Ser professor é um ato de amor para com as futuras gerações, é ser o pilar da construção de uma sociedade, transformando crianças e jovens em cidadãos conscientes. Somente quando esse profissional tiver seu devido valor é que voltaremos a ter grandes quantidade de jovens almejando lecionar.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Sobre Cabresto e Copa do Mundo.

"Well you know, we all wanna change the world."
Hoje em dia, todo mundo tá meio assim, como diz o Prof. Claudiomar, querendo revolucionar, mudar o mundo, e acordando 10h30. Depois de ter tido aulas de história de verdade, e por influência do professor da matéria, comecei a perceber que, de fato, nossa história é deprimente. Não temos uma revolução que obteve resultados para o bem do povo, fizemos a independência e continuamos vivendo num império, dependentes de Portugal, da Inglaterra, de latifundiários, de comerciantes. A Revolução Farroupilha foi de elite, queria apenas resultados que favorecessem os grandes produtores de charque, colocou os negros nas frentes de batalha, prometeu liberdade aos que lutassem e não cumpriu. Nossa república sempre foi ridícula, do café-com-leite, com direito a cabresto e coronelismo. Vou pra aula estudar a Revolução Francesa, Revolução Russa, Revolução Mexicana; vejo na TV os gregos saindo para as ruas e fazendo alarde por causa de irregularidades do governo, crises, aumento de preços dos alimentos, enquanto nós, aceitamos tudo numa boa.
"Enquanto te exploram, tu gritas gol", foi o que eu fiquei sabendo estar escrito num viaduto de PoA. Enquanto pessoas morrem esperando na fila do SUS, construímos estádios e trazemos a Copa do Mundo e as Olimpíadas para cá. Enquanto a educação é precária e os professores recebem um salário vergonhoso, ministros, deputados, senadores, prefeitos, vereadores, e até organizadores do Natal Luz de Gramado compram mansões, carros importados, jatinhos, tudo com o nosso dinheiro.
E nós? Nós assistimos ao Jornal Nacional, esperamos terminar a novela e acompanhamos a rodada do campeonato brasileiro da quarta. Nós vemos erros ridículos acontecerem no Enem e aceitamos, bancamos o luxo alheio sem protestar, colocamos palhaços como deputados, e achamos bonito.
Temos uma herança, que vem desde nosso descobrimento, que parece ser impossível de sair do nosso DNA, caráter dominante, em toda a população: o comodismo.
Até quando? Pergunto eu, respondam vocês, respondamos nós todos.