quinta-feira, 31 de maio de 2012

O "X" da questão

Há algum tempo, deparei-me refletindo a respeito da palavra "extraordinário". Separando o radical, concluí que o significado denotativo é próximo a: além daquilo que é ordinário ou comum. Na teoria, simples, mas na prática, nem tanto. Talvez uma das maiores qualidades do ser humano seja conseguir ver o que a rotina esconde. Ainda que o trajeto seja o mesmo, vê-lo de outra forma pode ser a solução.
A satisfação de uma boa leitura dificilmente é substituída por outra arte. Ver um quadro é agradável e inspirador; no entanto, entrar na vida de um personagem é capaz de nos emocionar, proporcionando risos, lágrimas e até indignação. Interessante mesmo é quando o autor não precisa criar uma história para emocionar, ele consegue isso falando a respeito de banalidades. Humberto Gessinger, ex-vocalista da banda "Engenheiros do Hawaii", aprendeu a transformar em texto tudo aquilo que já transmitia por canções. Como não admirar alguém que cria enquanto espera no aeroporto, ou repara o percurso que faz até o tênis? Estava mais certo do que imaginava ao dizer que  o "x" da questão é ver além da máscara.
Quando encontramos uma receita que parece deliciosa, não é normal guardarmos para algum momento especial? Quantas vezes abraçamos e dizemos "eu te amo" às nossas mães, além do dia dedicado a elas? Ver além da máscara é preparar um banquete para si, é acordar a mãe com um café-da-manhã na cama, numa segunda-feira qualquer. O além-mar não está tão distante quanto se imagina.
Saint-Exupéry já afirmou que o essencial é invisível aos olhos. Nossa mania de buscar por momentos especiais nos cega ainda mais daquilo que já é invisível. Sou pré-vestibulanda e sei que é impossível não viver com uma rotina regrada. Com horário para tudo, às vezes é inevitável esquecer de ver aquilo que os olhos não conseguem. Desde que li "Nas Entrelinhas do Horizonte", busco o que está nas entrelinhas do meu despertador tocando, dos meus horários de estudo, daquela questão de matemática que parece não ter solução. Posso dizer que cheguei a uma conclusão: o "x" da matemática, quando visto pelos olhos de quem conhece o "x" da questão do livro, torna-se muito mais bonito.

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